Como todo paulista diante da chuva ou se vai às compras ou ao desbunde gastronômico. Quando se se encontra em uma pequena ilha, com uma pequena vila, todo o artesanato local começa a se tornar repetitivo e não se quer mais comprar camisetas, cangas ou canecas com o nome do local; parte-se então para todos os restaurantes da região, degustando da comida de praia que sempre é boa com sol. Sem sol, a paulista aqui fica mais chata.
Passei o carnaval em Ilha Grande no Rio de Janeiro e postarei algumas críticas de restaurante visitados em todos os dias de chuva que fiquei por lá.
No primeiro dia em que cheguei, sábado a noite, cansadíssima, resolvi que ia comer fora porque A) não havia restaurante na pousada e B) pior que a irritação da demora da viagem só a de fome mesmo.
Segui por uma rua muito charmosa, chamada de Buganville, onde se encontravam algumas lojas, pousadas e restaurantes. Depois de um pequena análise crítica de quem havia viajado 7h de carro, esperado 2h30 pela escuna e depois pego um percurso bem conturbado de mar de 1h45, decidi que o jantar, às 22h, seria no restaurante Ilê bem Brasil.
Ilê bem Brasil, descobri no dia seguinte, também vende brincos, bolsas e tem um estúdio de tatuagem. Aquela hora da noite tinha somente um casal e poucas mesas e achei que um restaurante brasileiro seria ótimo; sem frescura, sem demora, comida de casa logo na mesa.
Ledo engano.
Ilê bem Brasil se auto denomina restaurante de comida brasileira, vegetariana e internacional, com uma bela bandeira brasileira no nome. Deveria ser o cansaço, mas decidi ficar por lá.
Fui extremamente bem atendida, por uma garçonete que acho ser filha da dona do local que me levou o cardápio, extremamente enxuto, e voltou a cozinha.
Como não estava sozinha o pedido foi de duas cervejas, que descobri na hora que foi servida se tratar de lata (R$3,00) e quente. O pedido foi um escondidinho de camarão (R$7,00), um salada variada (R$17,00) e um cozido de legumes com carne de sol (R$37,00).
Vamos à parte boa do restaurante: decorado com pequenos livros de literatura de cordel pendurados em um varal, meia luz em todo o ambiente, clima intimista e romântico e atendimento atencioso.
Agora vamos a todo o resto: no total o serviço ficou em duas horas, desde a cerveja quente à conta que demorou seis chamados sem efeito pela garçonete. O escondidinho chegou, bem quente, mas sem qualquer tempero. Sal e pimenta foram requisitados e o pedido de desculpas chegou em seguida pela demora em sua entrega. O molho de pimenta estava divino e quando perguntei quais pimentas ali tinham não obtive resposta pois o molho era comprado e não feito por lá - diga-se de passagem, o que era mais saboroso por lá.
Quinze minutos depois chegou a salada, que consistia em quatro folhas de rúcula, beterraba e cenouras raladas, queijo indefinido e cebolas em conserva. Tudo quente.
Mais vinte minutos e chega a panela de ferro com o cozido de legumes e arroz. Começo a mexer na panela, procurando o que queria comer e notei que não havia carne. A carne de sol que imaginei ser cozida juntamente com os legumes.
Pergunto a garçonete onde está a carne de sol e ela me diz que não existe neste prato. Digo que não e ela corre à cozinha para perguntar. Recebo a resposta de que a carne vem à parte.
Chega, então, a suposta carne de sol. Um contra-filé em porção para quatro pessoas - e estávamos em duas, com sal grosso aparente e completamente crua no meio. E ouço mais um pedido de desculpas.
A fome era maior que qualquer coisa, então cerca de metade de toda a comida foi consumida, entre reclamações de como a carne estava crua e salgada e o cozido sem sabor algum.
Não sei realmente o que foi pior: o cansaço da viagem e a única vontade de matar a fome, ou a expectativa por causa do cansaço de que aquele restaurante poderia ser minimamente bom.
Somente sei que a mesa ao meu lado teve suas pessoas indo embora entre a entrega do menu e a volta da garçonete, talvez por ter ouvido todo tipo de reclamação sobre o seviço e a comida que eu tinha consumido.
Se a idéia é se alimentar em Abraão, definitivamente não vá ao Ilê bem Brasil. Quem sabe comprar bolsas e fazer tatuagens seja mais interessante, porque comida, realmente, não é o forte deles.
Passe longe:
Galeria/Rua Buganville
Abraão - Ilha Grande - Angra dos Reis - RJ
Visitado em 2 Fevereiro 2008
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